quinta-feira, 3 de março de 2016

Primitivismo 1880-1930/Fauvismo, 1905-10: Grito primal

Gauguin foi um dos primeiros a adotar o primitivismo.

Era uma proposta de retorno ao essencial que pautou também o movimento decorativo internacional fin-de-siècle. Conhecido como art noveau (França).

Art noveau - produtos curvilíneos e que evocam a simplicidade dos motivos da natureza.

Gustav Klimt (1862-1918) - associado ao movimento. Tem o ar místico do movimento.

Na Paris, fin-de-siècle, os totens entalhados alcançavam uma simplicidade que já não era acessível aos jovens artistas.

O artista Maurice de Vlaminck viu 3 máscaras africanas em um café em Argenteuil, em um subúrbio a noroeste de Paris, em 1905, e acabou comprando. Henri Matisse e André Derain ficaram impressionados. 

Em Barcos no porto de Collioure (1905). Andre Derain. - abaixo. 



O porto é quente, rústico, sem complicações e pitoresco. Revelou a essência de um tema.

Restaurant de la Machine à Bougival (c.1905)(abaixo). Vlaminck.



Cor ao máximo.

As pinturas foram recusadas pelo Salão em 1903.

O crítico Louis Vauxcelles disse que o trabalho era de Le fauves (as feras).
As experiências artísticas os levaram a desenvolver uma paleta que parecia descontrolada e indomada.

Mulher com chapéu (1905). Henri Matisse. (abaixo)



Causou transtorno no Salon d'Automme (1905). Até os impressionistas e os pós-impressionistas teriam feito objeção ao retrato de Matisse. A paleta era muito ousada, e outro fator era o tema utilizado: a sua mulher. 

A alegria de viver (1905-06) . Henri Matisse. 


Era a quintessência da pintura fauvista cuja cena era pastoral. E deleites hedonistas.

Pablo Picasso, em 1906, residia na cidade.  Picasso pintou Retrato de Gertrude Stein (1905-06)(abaixo) 



"concerto formal" 

Também do Pablo Picasso: Les demoiselles d'Avignon (1907)(abaixo)

Em 1886, Henri Rousseau resolveu expor no Salão dos Independentes em uma exposição sem júri. Foi a piada da exposição.

Uma noite de carnaval (1886)(abaixo).


Foi execrada. Composição plana e desajeitada. A ingenuidade é característico em seu trabalho.

Picasso comprou o quadro.

Rousseau foi o seu mestre.

O primitivismo na escultura

Rousseau morreu em 1910.

Constantin Brancusi (1876-1957) - romeno chegou a capital francesa em 1904.

Auguste Rodin (1840-1917) 

Entalhava em pedra ou madeira.

O beijo de Brancusi (1907-08)



Muito mais moderna e mais arcaica.
Ele entalhou em uma pedra (30cm quadrados) a forma de um casal. 

Era Paris na primeira década do século XX. Pedra e não bronze, entalhe "direto" sem refinamento , e não há uma beleza acetinada, e, para culminar, um casal comum se beijando.

Musa adormecida (1909-10). Constantin Brancusi. (abaixo)



Entalhou no mármore.

Amadeo Modigliani (1884-1920). Entalhou cabeças no calcário. Admirava Brancusi.

Em 2010, Cabeça Modigliani (1910 e 1912), foi vendida por 52,6 milhões de dólares.

Homem caminhando I (1960). Alberto Giacometti.



Parece consumido pelo pavor em linha vertical. Está "preso" no mundo moderno, privado de esperança  e envolto apenas por um difuso ar de desolação.

Em 1927, Giacometti fez Mulher-colher. 



Bronze. Referências às colheres tribais dos dan.

Na Inglaterra, a escultora Barbara Hepworth (1903-75) estava impressionada com o pré-histórico e o primitivismo.
Fez amizade com Henry Moore (1898-1986). Pedras grandes e ásperas iriam pautar seu trabalho.

Em 1931, Hepworth fez uma escultura abstrata de um alabastro. Forma perfurada (abaixo).




Suas obras, lisas e arredondadas, punham em evidência o material da escultura e o espaço em torno ( e através) delas.

Pelagos (1946). Barbara Hepworth.


Abstrata. Harmônica e bela.

Em 1961, produziu Forma única (1961-64).


Bronze. 6,5 metros. Produção em frente ao edifício das Nações Unidas, em Nova Iorque.

Picasso, Matisse, Rousseau, Brancusi, Modigliani, Giacometti, Moore, e muitos outros, sucumbiram o feitiço da arte tribal e antiga.








Cezanne: o pai de todos nós, 1839-1906

Encantou-se por Aix-en- Provence, no sul da França.

Acredita que foi a câmera que induziu muitos dos artistas de hoje a abandonar a arte figurativa.

A pintura de uma paisagem, um retrato ou uma natureza-morta pode parecer um momento imortalizado numa única imagem, mas é de fato a culminação de dias, semanas e, no caso de muitos artistas, de anos de contemplação de um único tema.

Fez parte do impressionismo (1874). Fez pinturas que representavam um tema visto de 2 ângulos diferentes  (de lado e de frente, por exemplo).

Natureza morta com maçãs e pêssegos (1905)- abaixo. O tampo foi inclinado num ângulo de 20º, em direção ao espectador.



Aumentava a quantidade de informação visual fornecida em detrimento da ilusão de espaço tridimensional.

Aplicava manchas de cor quentes e frias que se justapunham.

Como seus companheiros pós-impressionistas, Cézanne havia chegado finalmente a um impasse com o impressionismo. Seurat fora adiante porque ansiava por disciplina e estrutura. Van Gogh e Gauguin se desprenderam por se sentirem restringidos pela insistência na pintura de uma realidade objetiva. Cézanne, por outro lado, pensava que os impressionistas não estavam sendo suficientemente objetivos. A seu ver, faltava-lhes rigor em busca de realismo. Suas preocupações diferiam das de Degas e Seurat, segundo as quais as pinturas de Monet, Renoir, Morisot e Pissarro eram ligeiramente superficiais, faltando-lhes estrutura e uma impressão de solidez. Seurat, como sabemos, voltou-se para a ciência em busca de ajuda para resolver a questão; Cézanne voltou-se para a natureza.

Cézanne sentava-se diante de uma montanha ou do mar em sua Provença natal e pintava o que via.

Expressava o seu sentimento por meio de desenho e cor.

Havia solucionado alguns problemas de representação que precisa de nossa percepção visual com sua técnica de perspectiva dual, suas composições harmoniosas e o realce que dava a elementos específicos, subjetivamente escolhidos. 

Tratava a natureza por meio do cilindro, da esfera e do cone.

Busca da "harmonia da natureza". Não tinha perspectiva.

Suas ideias de estruturas eram semelhantes a grades e de simplificações dos detalhes em formas geométricas, e que podem ser vistas na arquitetura de Le Corbusier, nos projetos angulares da Bahaus e na arte de Piet Mondrian.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Arte agora: Fama e fortuna, 1988-2008-hoje

Os anos 1960 viram o fim da idade da deferência, ao passo que o movimento punk dos anos 1970 pôs um sorriso desdenhoso nas faces de uma juventude recém-fortalecida. Mas foi só no final dos anos 1980 que certas convenções foram ruidosamente contestadas. Até essa época, representações de sexo sem disfarces e violência extrema ainda estavam restritas à prateleira de cima e aos filmes pornográficos; qualquer outra menção a eles era feita por meio de alusão e insinuação.



                                                   Jeff Koons, Made in Heaven (1989)


               Anatomias trágicas (1996) - Dinos Chapman, n.1962, Jake Chapman, n.1966
                                                       
Ou seja, bonecos semelhantes a ogros grotescos e sexualmente deformados.
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1ª Exposição: Freeze
Onde: Armazém em Docklands, Bairro no sudoeste de Londres, em julho de 1988.
Artistas: Gary Hume (n.1962), Michael Landy (n.1963), Angus Fairhurst (1966-2008) e Sarah Lucas (n.1962), Damien Hirst
Grupo conhecido como "Young British Artists"

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2ª Exposição Beautiful inside my head forever
Local: casa de leilão Sotheby's (salão de vendas) - Londres
Início na 2ª feira, 15 de setembro, e encerrou-se na 3ª feira, dia 16 de 2008. 

Quebrariam as regras, desprezariam a autoridade e usariam qualquer oportunidade que tivessem para dar uma banana ao mundo.



                                              A Thousand Years (1990) - Damien Hirst.

Uma obra mórbida e afirmadora da vida. O site do artista é esse aqui: http://www.damienhirst.com/, para quem ficou super interessado nas outras obras do artista.

O assunto - vida e morte, nascimento e declínio - é tão antigo quanto a própria arte. 

A atitude de Damien Hirst é empresarial, uma mentalidade positiva, destemida, "farei como bem entender".

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O que: O conjunto de trabalhos dos Young British Artists  do colecionador de arte Charles Saatchi
Nome da exposição: Sensation
Por quem: Royal Academy em Piccadilly, Londres

Vamos aos artistas e respectivas obras!


      A impossibilidade física da morte na mente de alguém vivo" (1991). Damien Hirst.

Sim, é um tubarão em uma caixa de vidro cheia de formol.


                                                  Self (1991). Mark Quinn (n.1964)



                                                     Myra (1995). Marcus Harvey (n.1963)

Uma pequena curiosidade: Myra Hindley, foi a assassina de crianças britânicas, e a obra fora executada com o uso das impressões das palmas das mãos de crianças.


             É claro, Damien Hirst estava presente com sua série História natural. Abaixo, outra peça dele intitulada Pelo Amor de Deus de 2007, que ficou de fora dessa exposição.


Sim, são diamantes.

Outro artista que não poderia faltar: Sarah Lucas.


                                       Dois ovos fritos e um kebab (1992). Sarah Lucas.

Perceberam? Há uma foto da composição sobre a mesa. Fotografia da mesa. Ou será um rosto?



                                                  Au naturel (1994). Sarah Lucas.

As esculturas de Lucas podem ser tomadas como piadas pueris ou como comentários profundos sobre a maneira como a sociedade vê e retrata a mulher e o sexo. O fato é que a "cultura ladette" estava assolando a Grã- Bretanha.

# ladette é a jovem que se comporta de maneira confiante e agitada, bebe e gosta de esportes e atividades tradicionalmente apreciadas por homens.

A "Dreary England" transformou-se na "Cool Britannia", e as ladettes brindavam a isso.

Outra artista da exposição e amiga de Sarah: Tracey Emin (n.1963).



                                      Todas as pessoas com quem já dormi, 1963-1995. (1995)

Em 1993, Sarah e Tracey decidiram abrir uma loja chamada "The Shop". Os slogans das camisetas eram esses: "Complete Arsehole", "Sperm Counts", "I'm so fucky".

Galeria: White Cube
Localização: West End de Londres
Inauguração: 1993
Exposição: Tracey Emin: Minha grande retrospectiva 1963-1993.
Por quem? Jay Jopling
O que? mais de cem objetos - de diários de adolescente a Hotel International (1993)



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O que? marchand norte-americano
Nome: Larry Gagosian - o "Big Daddy" do comércio de arte contemporânea
Galerias: Nova York, Beverly Hills, Paris, Londres, Hong Kong, Roma e Genebra.
* Marchand de Damien Hirst, Jeff Koons e Takashi Murakami (n.1962).

Murakami é o rei do Kitsch. É sampler da cultura visual pop japonesa.

"Creio que cada artista deveria ter em si uma forte emoção para criar trabalhos que tenham energia".